Luminescência

Abandonaste o olho. Lançaste às caravelas o morder inexpressivo que não colho. Agora és só azul. Não tens nação. Não gotejas no vestido, que é bibe pervertido. Dás consultas de tormentos, pecadilhos, divindades. Um tesouro compulsivo é hoje o teu irmão. Dás ouvidos ao jumento e vais à fonte: tens unguento em tua fronte. Sei quem te compele a lavar. Sei quem recorta a tua pele.

Quem tu queres não tem mais brilho, nem perdão. Quem tu queres, cru e santo, vai na curva rastejando; lateja de odor e de pranto.

Abandonaste o olho. Lacraste a janela dos fundos. Já não te ouço às doze, nem me ligas ensonada de paixão. Já não urdes mais histórias olímpicas. Agora és só azul. Daquele azul de veludo, brotando além do arpão. Daquele que te ensina a ser menina. Daquele que não dói, nem dá a mão.