Do início e do fim

Quando dois poetas se amam, desperta sempre o amor nas páginas lidas de um livro e expira quando, à falta de tudo o que une, um deles se desculpa na clausura murcha de uma dessas páginas. E todo o amor, de todas as gentes, insiste em começar e findar em clichés. Como o dos góticos, que é por demais fatal que comece com pacto de sangue e termine em pulsos cortados.
Pois, o amor que eu tenho, vai começando e vai terminando. Não sei sequer se já terminou o primeiro que tive. Mas sei que devia ser como os pássaros, que amam apenas após a invernia e renovam os votos no ano seguinte, mas só se viverem mais do que um ano.
Sou um profeta e a mim próprio anuncio que está próximo o fim. E qualquer profecia é o que medeia entra a realidade e o sonho quando este é inabordável ou assume contornos divinos.